domingo, 19 de dezembro de 2010

prefácio

escrevo, com o grão de meus dedos,
minúsculas partículas
minúsculas.

rebúsculas.

obscurezas que eu dou.

     escrevo,
com o grão de meus dedos,
e eu sou.

     - qualquer coisa que não seja escura
nem clara
nem certa nem torta demais.

nem velha.

escrevo, pelas frestas das mesas,
poemas mortais. despencam;

     estrelas.

não temo não tê-las,
leais,
desiguais.

          escrevo, com a ponta dos nervos,
          meus versos praquês
     sem ter
     eu porquês, - com o grão de meus dedos,
     cegamente,     correndo as paredes
     sem poder lhes passar

no entanto,
     por quê?.


     eu não tenho suavidade alguma. eu não tenho verdade,
     nenhuma.
     escrevo,
com o tempo da espuma.

     escrevo, e meus desalentos são todos coisais.


escrevo, com a faca  da rua,
secretas verrugas,

venusas,

meninas doentes e ninfas senis.

eu escrevo como aquele remido,
mêndice, esquálido e fa-
minto. escrevo e
não
qui-lo.

eu não vejo.

     com o grão de meus dedos
escrevo
e não volto atrás.

não volto,
renego e enfureço,
depois eu me deito, me dispo e mevou,
e mevou,
e mevou sem jamais.

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